sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Visões sobre educação, esperança e realidade no contexto brasileiro

Por: Rafaela Delfina dos Santos de Souza


Hoje, estava eu mais uma colega do curso de letras fazendo um trabalho no laboratório de história da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), onde os cursos de licenciaturas dessa instituição têm algumas aulas ministradas em conjunto, o chamado eixo temático. Foi quando, não me lembro de onde, ela comentou sobre aquele quadro de reportagem da globo chamado “ Profissão Repórter ”.
O programa abordou sobre o cotidiano dos professores(as), dos traumas que eles sofrem. Logo ela começou a questionar se era aquilo mesmo que queria, se aguentaria tudo aquilo. Pois bem! Com toda a minha indagação interrompi, afinal temos que pensar diferentes, sabemos que não é fácil aguentar uma sala com mais de 30 alunos, alguns rebeldes por conseqüências que remetem à sua trajetória de vida, e que alguns apenas vão a escola para se alimentar, pois o Estado não cumpre de maneira eficaz com essa obrigação. Porém, espelham-se nos seus queridos professores (as) “chatos (as)”, e que por mais que eles se mostrem resistência no ato de aprender, os “pequenos pentelhos” (a maioria, meninas) pensam em serem professores (as), talvez porque eles queiram ensinar também. Pois em minha convicção não há nada mais belo do que mediar o processo do ensino aprendizado de uma forma horizontal, sempre respeitando o saber do aluno.
Quando era adolescente, pensava em ser qualquer coisa menos professora. Via os professores e professoras lecionando e pensava que não queria ficar “passando raiva”. Porém, conforme o tempo passou e com ele veio o amadurecimento pessoal, comecei a ver, o quanto é lindo você ensinar aquilo que sabe a alguém. Ver que o docente gosta de seus educandos (as), ao ponto de abraçar, dar um bom dia, feliz da vida (mesmo sabendo que esses estão com sono, ou que não querem estar presente na sala). Mas a figura do professor(a) está ali, querendo fazer com que ele não tire apenas boas notas e decorem, mas que eles saiam das classes com ideias que possam mudar seus hábitos, pensamentos, valores e costumes. Assim, com a presença carismática do professor(a), o aluno não só se espelha nele, mas também se emociona e se empolga com suas descobertas pessoais, tornando possível chegar em casa e falar “ mãe o professor fulano me EXPLICOU a História do Brasil”, sem a rotina de se utilizar de modo exaustivo, lousa ou livros didáticos, mas apenas o que se sabe, e explicar de um jeito que eles entendam, dando mais valor ao diálogo e à valorização do saber que o aluno traz de fora da escola, pois o ensinar não se faz  apenas nos bancos escolares, nem tampouco o saber é construído com regras metódicas. Pelo contrário, o ensinar também tem um aspecto cognitivo e está intrinsecamente relacionado às experiências de vida do sujeito, na medida em que o saber é construído pela descoberta resultante da curiosidade do aluno, curiosidade essa que deve ser estimulada pelo professor(a).
O professor (a) constrói o aluno e se você, futuro professor ou professora, for mais um que compõe o quadro dos profissionais acomodados com a situação, achando que não há jeito para a sociedade, e por consequência chegam em sala e mal dão um bom dia, enchendo a lousa de conteúdos que na visão do aluno são sem sentido, pois há falta de curiosidade, ou falta de relação entre o conteúdo e a realidade do sujeito, ou em termos mais populares, “enchendo  lingüiça”, não exija um aluno excelente e ideal, e sim alguém que daqui a dois anos não irá fazer diferença. Assim, você vai continuar com o seu método de ensino clichê, repetitivo? É meus caros, vamos fazer a diferença, ou pelo menos tentar, pois se o futuro do país e do mundo está nos bancos escolares. Eis uma grande contradição de nossa contemporaneidade, e essa pergunta, faço para minha querida colega de curso, à qual me referi no começo dessa descrição: Como falar em um mundo melhor, onde a solução estaria na educação, mas não valorizamos a profissão do docente, nem cobramos dos órgãos responsáveis tal atitude?

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