quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A ARTE OU O VICIO DO TABAGISMO? UMA VISÃO DO USO DE TABACO NAS SOCIEDADES INDÍGENAS

Por Gustavo Costa

            Sabe-se que o uso do tabaco era sinônimo de ostentação pelos europeus e demais pessoas elitizadas, que descobriram o seu uso nas Américas com as tribos indígenas no século XVI. O tabaco era usado em rituais religiosos onde os povos nativos procuravam estabelecer contato com o sagrado e até curar enfermidades. De fato o tabagismo nas sociedades indígenas era puramente arte, aspecto da cultura e da tradição. Com certeza os grandes expedicionários e viajantes que chegavam ao Novo Mundo achavam mágico o hábito não só do uso da Nicotina tabacus, mas também da dança e todo o universo que envolvia o mundo indígena como, por exemplo, Cabeza de Vaca, Ulrich Shimidel ou até Cristóvão Colombo. E através destes viajantes, segundo relatos dos mesmos que o seu uso difundiu-se para a Ásia e para África, tendo em conta que no continente africano o uso da erva para a “defumação” era usada pelos Zulus e por muitas outras tribos do imenso continente. Onde faziam uso, por exemplo, da Jurema preta nos rituais do Catimbó, que ao vir para a América do Sul com escravos incorporou o uso do tabaco.
            Nos rituais indígenas o seu uso era com um único objetivo: de purificar o ambiente e se livrar de inimigos do corpo e da alma. A arte de fumar que se mistura com religião para os índios se torna no inicio do século XVII uma economia para os espanhóis. Onde dentro das famosas reduções guarani no Paraguai colonial se cultivava o fumo e era negociado com demais povoados do vice-reinado do Peru. Em aproximadamente um século o tabaco se expandiu para outras terras. Dentro deste contexto percebemos uma das milhares influências indígenas no cotidiano, hoje de todo o globo terrestre. Quando expedicionários levaram o fumo para a Europa o seu uso de principio foi criminalizado pela Igreja, que alegava ser coisa do demônio soltar fumaça pelo nariz e pela boca, assim como também no Brasil a erva mate foi criminalizada pelos jesuítas. Curiosidades a parte e dada a vastidão do tema apresentado discutiremos aqui o tamanho do prazer e contemplação que o cigarro representa para o homem e que tamanha é a socialização que o fumo pode proporcionar aos humanóides. Malinowski em sua fantástica obra “Argonautas do pacífico ocidental” descreve que fez amizades com os nativos através do tabaco, e esse é só um dos exemplos de socialização que o tabaco fez acontecer. E também é um forte referencial para pensarmos até onde chegou a arte dos índios. 
            Indígenas do tronco tupi-guarani usavam o tabaco de vários modos desde mascado, em pó e fumado. Fumar era o hábito restringido aos xamãs, os rezadores e por isso o uso era limitado para assim saberem qual era o melhor momento para a caça e para a colheita. Considerando toda a breve história do tabagismo, concluímos se assim pode dizer que a sabedoria indígena é divina, onde a arte ou até a religiosidade de fumar o tabaco não se confunde com o dito vicio da população atual, com seus sentidos muitas vezes sem sentido.

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